sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Carta Nº 4  (parte I )

São tantas as sensações, as percepções dessa sua última visita que preciso assenta-las em um texto. É um misto de sentimentos, mas diferente de tudo o que passamos, não foi um furacão ou algo arrebatador, mas uma brisa morna constante, agradável. 

Primeiro preciso descrever os diferentes momentos, você me conhece rsrs, gosto de falar e tentar entender tudo. 

Então começo pelo dia da despedida da Lia. Naquele dia eu estava um pouco nervoso, ansioso, por que sabia que iria te encontrar. Quando te vi, engoli seco, te cumprimentei como se nada nunca houvesse acontecido e logo depois fui ao banheiro para me recompor, lavei o rosto, me olhei no espelho e ai me senti preparado para te encarar. 

Quando sai e me sentei, todos conversamos e tudo correu normalmente, isso apesar dos seus comentários quando eu lhe perguntava algo sobre o que você estava fazendo e você respondia: "Ah, mas você já sabe disso", com o seu olhar provocador e irônico, deixando claro para os outros que continuávamos conversando com alguma frequência. Mas apesar disso, tudo caminhou calmamente, bebemos , conversamos e comemos. Depois comecei a deixar todos em suas casas e quando fui te deixar, parei o carro e não o desliguei, pq imaginei que você não ia querer ficar conversando, mas você não saiu, esboçou que iria sair, mas não saiu e senti que você queria conversar mais, desliguei o carro e conversamos bastante, cada um falando sobre suas novas experiências (e pequenas fofocas), e na hora de ir embora você me deu um abraço longo e apertado, que prontamente correspondi auhauhauh, e confesso que nesse momento, antes não, senti desejo de te beijar, mas não o fiz, não queria arriscar todo aquele clima de cumplicidade , de sincronia, por um desejo ligeiro e insensato.  

Fui embora um pouco orgulhoso de mim e pensando "que bom que está tudo bem", me sentindo aliviado de não ficar mal e de tudo ter corrido bem entre nós, nada de clima ruim e constrangedor. Porém, sai tentado a lhe convidar para sair nós dois, sem nenhuma intenção obscura, para conversamos sobre tudo que tínhamos para falar, acho que era muita coisa pra colocar em dia rsrs. 

Mas quando cheguei em casa, você me falou dos seus óculos, que havia esquecido ele no carro, e o que era apenas uma intenção, que eu pensava seriamente em não levar em frente, se concretizou em um convite, já que teria que te ver novamente para devolver os óculos, por que não sair para conversarmos? Uma desculpa adequada para o meu espirito rsrs. Você aceitou, apesar de eu ter tido a impressão, talvez errada, talvez certa, não sei, que você ficou meio relutante com o convite, o que entendi/entendo completamente, por que seria uma situação nova, sair somente nós dois novamente, depois de tudo , mas apesar disso, você topou.

E lá fomos nós dois de novo, sem precisar se esconder dessa vez, o que com certeza contribuiu para uma noite mais leve. 

Confesso que quando saí de casa e comecei a trilhar o caminho do seu prédio fiquei ansioso, enquanto me trocava foi tudo banal, mas no carro a realidade bateu, e quando cheguei, você saiu do prédio, e foi a repetição de tantas outras vezes, você estava muito bonita, de saia, que mostrava suas pernas e joelhos (redondinhos, que se inclinam para dentro, um para o outro quando você anda), com a camiseta de uma banda (que não me recordo qual era), e jaqueta de coro com uns bottons, e aquele olhar penetrante, o seu olhar inquisidor , grande e brilhante, expressivo, que parece entrar na alma dos incautos pra desvendar o que pensam, com os cabelos pretos caindo nos ombros,  você entrou no carro. 

Eu fiquei tenso, mas depois de alguns poucos segundos e de umas poucas palavras trocadas essa ansiosidade se dissipou, la estava eu com uma velha amiga que me contava suas histórias e eu contava as minhas e no bar essa sensação se prolongou. Mas agora  além da companhia de uma velha amiga eu estava também com uma colega de formação (profissão), apaixonada pela ciência histórica, apesar de óbvia essa constatação, já que você foi estudar história tão longe, para mim foi algo novo discutir com você determinados assuntos em um novo nível, mais elevado, confesso (mais uma vez ahauuah) que me deixou muito feliz ver essa sua "evolução" (não gostei muito desse termo, mas não encontrei outro melhor por isso ele segue entre aspas), você já não era/é a mesma pessoa. 

Conversamos e conversamos, e bebemos e bebemos, e a noite toda foi muito agradável e seguiu num clima amistoso. E, nossa, fomos no Habibs e meu deus (uso a expressão só como figura de linguagem, você sabe uhauhahua) não lembro nem como dirigi, nem de pegar o copo do Rock in Rio (inclusive depois você postou a foto desse copo quando vc pegou ele, fiquei intrigado com essa postagem huauhauha) e mal me recordo de comer no carro e em seguida fomos para a sua casa e ao invés de você sair para entrar no seu ap, você deitou sua cabeça no meu colo e eu fiquei passando a mão na sua cabeça, meus dedos se perdendo no universo escuro dos seus cabelos,  nós dois muito bêbados, e me recordo que fiquei com a sensação de que você não queria chegar em casa tão mal e sugeri de irmos dormir no motel, e seguimos para lá. 

Estava tão mal que nem consegui pensar no inusitado da situação. Chegamos e nos deitamos, não lembro nem direito como, sei que quando deitei dormi pesado, mas eu acordei antes do que você e estávamos la nós dois dormindo abraçados, não sabia como lidar com a situação, achei que talvez pudesse ser invasivo isso e me desvincilhei e me afastei, mas pouco depois você se virou e me abraçou, fiquei novamente sem saber o que fazer e continuamos assim. Confesso (mais uma maldita vez uahuhauha) que estar com você deitada abraçada comigo me despertava a vontade de beija-la , algo que durante toda a noite não havia acontecido. Pensei novamente em me afastar para não cair na tentação e de novo me desvincilhei, me virei e fiquei deitado de barriga para cima, mas de novo você veio, dessa vez deitou sobre mim, passando seu braço pela minha barriga e encostando sua cabeça no meu peito (não estou insinuando que seu gesto tivesse segundas intenções, depois você explicou que gosta de dormir assim), eu não conseguia mais dormir e so crescia a vontade de te beijar e eu fazia carinho nos seus cabelos, e ter você deitada assim, abraçada comigo, mesmo sem beijos e mãos correndo pelo corpo era muito agradável, e enfim te beijei, e te peço desculpa por isso, e nos beijamos, (sinceramente não lembrava mais como era o seu beijo, a textura dos seus lábios, de como você passava de beijos gentis para beijos sufocantes que parece que iriam me devorar e de como você faz um gesto bem seu, em que vc junta os lábios e os empina, parece que pedindo para que eles sejam levemente mordidos), e continuamos e talvez ali , naquela noite teríamos feito algo, mas pela benevolência dos deuses o telefone tocou, nos trazendo de volta para a realidade, naquele momento eu desejava continuar submergindo, mas você, ainda bem, foi racional, e fomos embora, ambos com uma ressaca terrível. 

E não falamos sobre o que aconteceu, e me pareceu que ficou subentendido entre nós dois, que não precisávamos esquentar ou conversar sobre algo tão pequeno, ambos tínhamos/temos nossas vidas em lugares diferentes para carregar, e falamos mais sobre nossas respectivas histórias que contaríamos/contamos aos nossos  namoradxs, e tudo, pelo menos para mim, pareceu continuar como estava, um laço de amizade por tantas experiências compartilhadas depois de tantos anos. 

Continua em uma segunda parte.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017


Uma empresa pode comprar o meu tempo de trabalho, mas não a minha paixão. Os meus sentimentos, o meu ardor, somente eu sei para o que e para quem eu direciono. Já basta roubarem meu tempo, ainda querem meu amor... Não! Meu coração é vermelho e somente meu, podem me roubar tudo, minhas roupas e dignidade, minha vida e saúde, mas não o meu amor, minha paixão e meu coração não os entregarei jamais a quem não os merecem, a quem não desejo. É minha pólvora fervente que corre pelo meu corpo e explode no meu peito, é de si para si. Não os entrego! Vamos travar batalhas, eu e meu Sancho Pança, errantes e perdidos, mas vitoriosos.

Meu coração é vermelho!

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Crash Into Me

You've got your ball
You've got your chain
Tied to me tight, tie me up again
Who's got their claws in you my friend?
Into your heart I'll beat again
Sweet like candy to my soul
Sweet you rock, and sweet you roll (...)

You know, I'm the king of the castle
You're the dirty rascal, crash into me



https://www.youtube.com/watch?v=JU2E1lX1geY


quarta-feira, 5 de julho de 2017



Decadentes prédios e pessoas de vidro
O toque frio das mãos
E os carros batendo
É tudo mais constante

Entre placas e lojas
Um som melancólico
De um músico triste
Os edifícios me encaram
Me devoram

Meu toque é frágil
Minha pele porosa
Absorve a fumaça
Que se cristaliza no meu peito
Ou é meus olhos que estão nublados?

Tão pequeno, ineficaz
Tão insipido, incolor

Eu ando por entre estas ilhas
Olho as vitrines
Tudo o que eu posso desejar?
De todos os sentimentos
Eu os possuo
E há esse fogo que queima
Um desejo tão profundo de sentir
Mas é também um cansaço
Se me vou, não me alcanço
E tudo que possa ver e ouvir me dói
De dor em dor
É uma explosão no peito
De um coração que deseja crescer
Em expansão contínua
Mas é oco e vazio, sujo e vil

Todos os sonhos do mundo são lixo
Excremento, comida para porcos
E de sonhos não os tenho mais
Nem dormindo
É so o escuro,
Um mundo de asfalto e concreto
Que me envolve com seus braços gelados

O real não permite o silêncio
É um barulho de vapores
Metais e gritos
Ele é um senhor opressor
E da minha janela
Ele me confronta todo dia
Eu não desejo conflitos
Eu so desejava sentir
Eu so desejava ser amado

domingo, 21 de maio de 2017


Na Natureza

Vários momentos
São tão importantes para mim
Que quero bebe-los
Todos até me embriagar
De sensações e sentimentos

É uma ânsia de vida e amor
Que até corta

Alguns não são momentos tão grandes
Mas eu os transformo em ondas gigantes
Ondas que envolvem meu ser

Eu quero aproveitar
Ao máximo o sentimento de cada momento

Sou um exagerado
Um esfomeado
Um perdido no deserto
Que anseia por água

A água do seu toque
Que corre pelo meu corpo



sexta-feira, 28 de abril de 2017

Algum Capitulo 


"The indescribable moments of your life, tonight (...) 
Believe in me as I believe in you (...)
Tonight, so bright"


Romano estava em um bar e viu novamente a mesma moça que sempre lhe despertava a curiosidade. Ela estava sentada no balcão tomando sua cerveja sozinha, ela estava com uma camiseta preta com a gola rasgada, estampa branca de alguma banda que ele não conhecia, ele olhava as suas tatuagens e reconheceu um desenho no seu antebraço, era uma tatuagem de uma HQ que ele já havia visto, mas não se recordava direito, ela tinha um ar arrogante, como se conhecesse tudo, possuía um tom aristocrático, mas ao mesmo tempo ela emanava simpatia, uma dualidade que intrigava Romano. Como dois estados tão distintos saltavam de uma mesma pessoa assim? Ela tinha o cabelo preto e usava uma franja, quase sempre ela estava de franja, ela bebia sua cerveja em pequenos goles, lentos, como se esperasse alguém, e seu olhar variava, as vezes ficava fixo em um ponto, em outros seu rosto circundava toda a sala com um olhar inquisidor, Romano somente conseguia pensar em como ela era linda. Ele ficou dividido, estava com vontade de tentar conversar com ela, mas também estava com medo, resolveu apenas sentar no seu canto e tomar sua cerveja enquanto esperava dar a hora para encontrar seus amigos. Ele dava algumas pequenas olhadelas em direção a moça, para ver como ela realizava seus pequenos gestos aristocráticos, numa dessas olhadas, ela desviou seu olhar apático do copo para a face de Romano e o olhar dela se transformou do tédio em provocação, em contestação, Romano  sentiu seu interior queimar, corou, se encolheu  e desviou o olhar imediatamente. Toda vez que Romano voltava o olhar em sua direção, ela estava o encarando diretamente, ele, envergonhado, desviava o olhar novamente. Quanto tempo se foi nesse jogo? Ele não saberia dizer, mas ele se sentiu dividido. Ele sabia que ela o conhecia de vista pelo menos, ambos já haviam se encontrado diversas vezes em vários locais diferentes, frequentavam os mesmos lugares constantemente. Ele terminou sua cerveja e foi embora, enquanto ela não desviava o olhar e o encarou a cada instante enquanto ele saia do bar. Romano se sentiu um idiota por seu medo, sua incapacidade de absorver aquele olhar intimidador.

Seus planos eram encontrar Felipe e depois mais alguns amigos e ir para um show, e enquanto andava, a imagem daquela garota não saia da sua cabeça. Aquele olhar indiscreto que parecia querer engoli-lo. Ele pensava em como a figura dela o atraia, aquela figura desafiadora, com um sorriso sarcástico. Encontrou Felipe e os dois conversaram sobre banalidades. Romano não contou sobre a moça. Achava desnecessário e particular. Ambos seguiram para o show e lá encontraram seus outros amigos. O pico era um lugar com luzes meio azuis  com colagens de revistas, Hq´s, fotos de bandas e personagens históricos nas paredes, havia pichações em algumas partes da parede e circulava pelo ar uma nevoa, clara, disforme, não muito evidente, que possuía um cheiro de cigarros e era preenchida por um tilintar de vozes diferentes que se chocavam como ondas contra as pedras. Romano conversava e bebia com os amigos enquanto esperava. É quando ele avista novamente a moça do bar e de tantas outras vezes, entrando na casa de show, ela ainda estava com a camiseta preta que tinha a gola cortada, mas agora ela também utilizava um colete vermelho com patchs de bandas costurados nele. Ela entra imponente, mas sem o ar arrogante de costume, mas com um riso solto e sonoro. Romano instantaneamente fica apreensivo e nem entende o porque. A moça o vê e o encara durante um instante e os olhares se cruzam, mas desta vez ela desvia os olhos e retorna a conversa com o rapaz que a acompanhava, mas como se nada houvesse acontecido. Felipe desata a falar com Romano, porém as palavras batiam nele e se desfaziam sem sentido algum, ele estava com a cabeça em outro lugar. Suas atenções, suas percepções, seus sentidos estavam direcionados para a moça enigmática.

A banda começa e vem uma sucessão de acordes, batidas sincopadas, suspiros e vozes, todas as pessoas se energizam na sala, uma faísca corre pelas ondas sonoras e todos os corpos se movimentam, como se fosse um ritual antiquíssimo que todos esperavam e conheciam. Romano pula, dança, se movimenta a esmo como todos, suando e se divertindo, por instantes esquece sobre o que magnetizava seus pensamentos. Mas ele a via entre todos as pessoas , dançando e pulando, ele conseguia ouvir sua voz que dava cambalhotas no ar junto com a harmonia da música. Ele vê ela vindo e sentia a  sua aproximação, mas bem nesse momento seus amigos o interceptam e ele vê ela se afastar com aqueles olhos castanhos o encarando de forma penetrante. O seu corpo queria ir na direção dela , como o mar vai atrás da lua, mas a represa de amigos o impede. A banda prossegue e a moça enigmática não direciona mais nenhuma vez o olhar para Romano, ele imagina que foi tudo coisa da sua cabeça, que na verdade ela não o olhou nenhuma vez e que ela não queria conversar com ele. O show termina, a banda se vai, mas a música continua ecoando pela pista, depois da avalanche de barulho, de uma batida seca e veloz e guitarras distorcidas, vem a ventania de músicas de pós-punk, mais dançantes e ao mesmo tempo, paradoxalmente, mais introspectivas, o "DJ" era um rapaz de cabelo black e blusa preta de toca, que colocava as músicas em um notebook, enquanto as pessoas vinham lhe pedir diversos sons para tocar.

Em um momento em que Romano dançava de forma contraditória, a garota apareceu repentinamente na sua frente, o abraçou, disse oi, e logo em seguida foi embora e voltou a dançar com suas amigas, como se fosse algo comum, como se já o conhecesse, Romano sentiu naquele breve instante seu coração ir até a boca e voltar, seu estomago gritar. Ficou lá, depois desse momento, parado como uma estaca, um totem mal feito e de péssimo entalhe, porém, ele foi voltando a sí  e  começou a dançar, mais por ser empurrado pelo exemplo das pessoas a sua volta, do que por vontade própria. Durante o restante da noite Romano dançou e conversou, bebeu com seus amigos, mas os seus pensamentos estavam na moça de preto, que o havia cumprimentado, ele imaginava se deveria ir falar com ela, ele a olhava para ver se havia mais algum sinal, se ela retornaria seu olhar, mas durante o restante da noite ela permaneceu fixa nas suas próprias conversas, não retribuiu nenhum olhar, ria e conversava de forma descontraída, emanando uma sensação muito agradável, pensava Romano.

A noite se esvai e Romano vai embora com os seus amigos. Na porta do local se despede de todos e parti para sua caminhada, sozinho, de retorno para casa , enquanto as luzes dos postes se apagavam e a luz do dia começava a surgir no horizonte. Nesse momento escuta alguns passos apressados atras de sí e quando olha, vê novamente a moça enigmática. Ela pede para ele esperar e ele aguarda ela se aproximar, com o estomago já dando mil voltas de ansiedade.

 - "Oi, sempre te vejo por ae, quase em todos os lugares que eu vou, qual o seu nome?"
 -  "Ah sim meu, é me lembro de ver você em algum lugar" diz Romano, tentando disfarçar que reparava sempre nela. "meu nome é Gustavo e o seu?"
 - "O meu é Helena. Me adiciona no face ou no whats, no face é Helena (sobrenome estou em dúvida, entre Antártica numa óbvia referência ou Ártemis, que tem uma referência de similaridade silábica, Art,  e toda uma simbologia interessante, de representar a Lua , um simbolo misterioso e ligado ao feminino,  além de ser o regente de câncer, a caça e ser uma deusa independente) e o whats é 98552-9232 e a gente se vê por ae. Ciao"

Ela lhe fala essas informações como se não interessassem, como se aquela conversa fosse desnecessária e ela tivesse mais o que fazer. Mas apesar de toda sua linguagem corporal e sua voz demonstrarem indiferença, seus olhos, grandes e expressivos, a traiam, neles havia um lampejo, um brilho oblíquo, que fascinou Romano, ele não sabia o que significava aquele olhar, mas ele sabia que não havia desinteresse, esse brilho confessava algo mais. Ela se vira sem lhe dar a mão ou um beijo de despedida e vai embora, e lá fica ele novamente sozinho, imerso em sí mesmo e nas suas percepções, tentando decifrar os eventos daquela noite e aquela moça, mas agora a esfinge tinha um nome, Helena... Era um começo...


quarta-feira, 12 de abril de 2017

É uma estafa
É o trem correndo
É o céu cinza
E a sujeira encrostada
Em cada esquina

Para que tudo isso?
Para que todo esse esforço?
Essa dor, essa tristeza
Esse cansaço?
O que eu quero alcançar?

Me sinto a vida inteira um deslocado
Nunca me encontrei
Nunca conquistei nada
As minhas fraquezas são os troféus
Que eu admiro na estante
É sempre um incansável nada
E de nada em nada
Eu vivi arranhando as paredes

Me falta o ar
Me falta vida
Eu queria fugir
De uma vez por todas