São tantas as sensações, as percepções dessa sua última visita que preciso assenta-las em um texto. É um misto de sentimentos, mas diferente de tudo o que passamos, não foi um furacão ou algo arrebatador, mas uma brisa morna constante, agradável.
Primeiro preciso descrever os diferentes momentos, você me conhece rsrs, gosto de falar e tentar entender tudo.
Então começo pelo dia da despedida da Lia. Naquele dia eu estava um pouco nervoso, ansioso, por que sabia que iria te encontrar. Quando te vi, engoli seco, te cumprimentei como se nada nunca houvesse acontecido e logo depois fui ao banheiro para me recompor, lavei o rosto, me olhei no espelho e ai me senti preparado para te encarar.
Quando sai e me sentei, todos conversamos e tudo correu normalmente, isso apesar dos seus comentários quando eu lhe perguntava algo sobre o que você estava fazendo e você respondia: "Ah, mas você já sabe disso", com o seu olhar provocador e irônico, deixando claro para os outros que continuávamos conversando com alguma frequência. Mas apesar disso, tudo caminhou calmamente, bebemos , conversamos e comemos. Depois comecei a deixar todos em suas casas e quando fui te deixar, parei o carro e não o desliguei, pq imaginei que você não ia querer ficar conversando, mas você não saiu, esboçou que iria sair, mas não saiu e senti que você queria conversar mais, desliguei o carro e conversamos bastante, cada um falando sobre suas novas experiências (e pequenas fofocas), e na hora de ir embora você me deu um abraço longo e apertado, que prontamente correspondi auhauhauh, e confesso que nesse momento, antes não, senti desejo de te beijar, mas não o fiz, não queria arriscar todo aquele clima de cumplicidade , de sincronia, por um desejo ligeiro e insensato.
Fui embora um pouco orgulhoso de mim e pensando "que bom que está tudo bem", me sentindo aliviado de não ficar mal e de tudo ter corrido bem entre nós, nada de clima ruim e constrangedor. Porém, sai tentado a lhe convidar para sair nós dois, sem nenhuma intenção obscura, para conversamos sobre tudo que tínhamos para falar, acho que era muita coisa pra colocar em dia rsrs.
Mas quando cheguei em casa, você me falou dos seus óculos, que havia esquecido ele no carro, e o que era apenas uma intenção, que eu pensava seriamente em não levar em frente, se concretizou em um convite, já que teria que te ver novamente para devolver os óculos, por que não sair para conversarmos? Uma desculpa adequada para o meu espirito rsrs. Você aceitou, apesar de eu ter tido a impressão, talvez errada, talvez certa, não sei, que você ficou meio relutante com o convite, o que entendi/entendo completamente, por que seria uma situação nova, sair somente nós dois novamente, depois de tudo , mas apesar disso, você topou.
E lá fomos nós dois de novo, sem precisar se esconder dessa vez, o que com certeza contribuiu para uma noite mais leve.
Confesso que quando saí de casa e comecei a trilhar o caminho do seu prédio fiquei ansioso, enquanto me trocava foi tudo banal, mas no carro a realidade bateu, e quando cheguei, você saiu do prédio, e foi a repetição de tantas outras vezes, você estava muito bonita, de saia, que mostrava suas pernas e joelhos (redondinhos, que se inclinam para dentro, um para o outro quando você anda), com a camiseta de uma banda (que não me recordo qual era), e jaqueta de coro com uns bottons, e aquele olhar penetrante, o seu olhar inquisidor , grande e brilhante, expressivo, que parece entrar na alma dos incautos pra desvendar o que pensam, com os cabelos pretos caindo nos ombros, você entrou no carro.
Eu fiquei tenso, mas depois de alguns poucos segundos e de umas poucas palavras trocadas essa ansiosidade se dissipou, la estava eu com uma velha amiga que me contava suas histórias e eu contava as minhas e no bar essa sensação se prolongou. Mas agora além da companhia de uma velha amiga eu estava também com uma colega de formação (profissão), apaixonada pela ciência histórica, apesar de óbvia essa constatação, já que você foi estudar história tão longe, para mim foi algo novo discutir com você determinados assuntos em um novo nível, mais elevado, confesso (mais uma vez ahauuah) que me deixou muito feliz ver essa sua "evolução" (não gostei muito desse termo, mas não encontrei outro melhor por isso ele segue entre aspas), você já não era/é a mesma pessoa.
Conversamos e conversamos, e bebemos e bebemos, e a noite toda foi muito agradável e seguiu num clima amistoso. E, nossa, fomos no Habibs e meu deus (uso a expressão só como figura de linguagem, você sabe uhauhahua) não lembro nem como dirigi, nem de pegar o copo do Rock in Rio (inclusive depois você postou a foto desse copo quando vc pegou ele, fiquei intrigado com essa postagem huauhauha) e mal me recordo de comer no carro e em seguida fomos para a sua casa e ao invés de você sair para entrar no seu ap, você deitou sua cabeça no meu colo e eu fiquei passando a mão na sua cabeça, meus dedos se perdendo no universo escuro dos seus cabelos, nós dois muito bêbados, e me recordo que fiquei com a sensação de que você não queria chegar em casa tão mal e sugeri de irmos dormir no motel, e seguimos para lá.
Estava tão mal que nem consegui pensar no inusitado da situação. Chegamos e nos deitamos, não lembro nem direito como, sei que quando deitei dormi pesado, mas eu acordei antes do que você e estávamos la nós dois dormindo abraçados, não sabia como lidar com a situação, achei que talvez pudesse ser invasivo isso e me desvincilhei e me afastei, mas pouco depois você se virou e me abraçou, fiquei novamente sem saber o que fazer e continuamos assim. Confesso (mais uma maldita vez uahuhauha) que estar com você deitada abraçada comigo me despertava a vontade de beija-la , algo que durante toda a noite não havia acontecido. Pensei novamente em me afastar para não cair na tentação e de novo me desvincilhei, me virei e fiquei deitado de barriga para cima, mas de novo você veio, dessa vez deitou sobre mim, passando seu braço pela minha barriga e encostando sua cabeça no meu peito (não estou insinuando que seu gesto tivesse segundas intenções, depois você explicou que gosta de dormir assim), eu não conseguia mais dormir e so crescia a vontade de te beijar e eu fazia carinho nos seus cabelos, e ter você deitada assim, abraçada comigo, mesmo sem beijos e mãos correndo pelo corpo era muito agradável, e enfim te beijei, e te peço desculpa por isso, e nos beijamos, (sinceramente não lembrava mais como era o seu beijo, a textura dos seus lábios, de como você passava de beijos gentis para beijos sufocantes que parece que iriam me devorar e de como você faz um gesto bem seu, em que vc junta os lábios e os empina, parece que pedindo para que eles sejam levemente mordidos), e continuamos e talvez ali , naquela noite teríamos feito algo, mas pela benevolência dos deuses o telefone tocou, nos trazendo de volta para a realidade, naquele momento eu desejava continuar submergindo, mas você, ainda bem, foi racional, e fomos embora, ambos com uma ressaca terrível.
E não falamos sobre o que aconteceu, e me pareceu que ficou subentendido entre nós dois, que não precisávamos esquentar ou conversar sobre algo tão pequeno, ambos tínhamos/temos nossas vidas em lugares diferentes para carregar, e falamos mais sobre nossas respectivas histórias que contaríamos/contamos aos nossos namoradxs, e tudo, pelo menos para mim, pareceu continuar como estava, um laço de amizade por tantas experiências compartilhadas depois de tantos anos.
Continua em uma segunda parte.